Texto de Mário Arruda
A dança representa um fator
de comunhão cultural, transmitindo ideias e costumes de uma geração a outra,
sobretudo, nas formas folclóricas.
Baseando-se em tradições (lendas, cerimônias
religiosas, episódios da comunidade) essas formas prolongam no tempo o espírito
de comunidade, donde incorporam-se as festas populares. Seu valor cultural é
inegável.
Na Grécia antiga, as
danças abstratas exigiam preparo intelectual do praticante e eram as preferidas
pelas elites.
Na Idade Média, a dança foi exaltada, graças à sua
espiritualidade que serviu de propaganda religiosa e a difusão das canções dos
trovadores da época.
No Renascimento, já lhe deram valor próprio e, nos
tempos modernos, adquiriu esplendor jamais alcançado, sobretudo, na França.
No século XIX, a Itália e
a Rússia disputavam, através de suas escolas de danças, o centro do
aperfeiçoamento técnico e artístico. Depois surgiu Isadora Duncan a
impressionar impérios, reinados e repúblicas, poetas e intelectuais, com sua
dança revolucionária.
Por que haveria a dança de se
ligar tão profundamente à civilização e à cultura? Porque exige vasto manancial
de conhecimento. Baseia-se em artes várias e liga-se a conhecimentos
científicos. Reclama a música, devendo o dançarino conhecê-las; a literatura,
em que há de buscar inspiração para os seus temas; a pintura que colabora nos
cenários e maquiagem; a escultura, que a auxilia com sugestões diversas.
Nas próprias indumentárias o
gosto artístico e a cultura se revelam.
A dança solicita ainda noções de história
da arte e da própria dança; da geografia, folclore, sociologia, anatomia, etc.
Tais noções tornam-se
indispensáveis ao dançador não só porque colaboram para o seu êxito no momento
de interpretá-la como lhe dão cultura geral e especializada, aumentam o seu
cabedal de conhecimentos e enriquecem a sua bagagem cultural.
Além disso, permitem saber a
procedência das danças que executa, os países e os povos entre os quais
nasceram, as ocasiões em que se realizam e particularidades importantes que lhe
são próprias.
A dança presta-se enormemente
como centro de interesse, para o estudo das matérias mencionadas, além de
ritmo, música, desenho, trabalhos manuais, etc.
Particularmente as danças
folclóricas podem constituir ótima fonte de aquisição de conhecimentos gerais,
solicitados em diferentes cursos.
Incontestavelmente a dança é a atividade
física elevada e a mais completa das artes.
Modernamente, exige-se da dança
artística que seja intelectual, estando a sua força no próprio conteúdo. O
acompanhamento e a indumentária quase dispensáveis, porque o valor está não só
na interpretação que o artista dê à dança como na importância, no alcance, na
elevação dela própria.
Na dança interpretativa o
dançarino precisa de imaginação, espírito criador, personalidade, atributos que
dependem, em parte, de instrução e cultura adequadas, sem as quais a capacidade
de interpretar não se desenvolve em toda a extensão e intensidade.
Vê-se, portanto, que tanto a
criança, como o jovem e o adulto podem adquirir conhecimentos gerais através da
dança ou acumulá-los para bem desempenhá-la.
A presença da dança nas escolas,
em todos os graus, inclusive nas universidades, só poderá beneficiá-los, pondo
em relevo o valor pessoal de cada indivíduo e relevando elites artísticas.
Autores clássicos, como Platão, Sócrates e Xenofonte, na Grécia antiga,
reconheceram o valor da dança.
Texto de Mário Arruda